Mesmo com um olhar superficial para a história da emigração polonesa ao Brasil, não se pode deixar de perceber a presença do clero polonês. Sobretudo em razão dos imigrantes poloneses, começaram também a vir a esse país padres e religiosas da Polônia, a fim de lhes prestar assistência, e não apenas espiritual.
O pe. Wojciech Sojka escreve: “... a respeito dos pioneiros da pastoral polonesa no Brasil lê-se raramente e pouco, e fora do Brasil, quase nada”. Vale a pena, portanto, dedicar estas páginas da presente monografia justamente a esses pioneiros e aos seus sucessores, para que o leitor polonês, e também o brasileiro, possa familiarizar-se com o trabalho dos missionários poloneses nesse país.
Os religiosos poloneses que vieram ao Brasil no primeiro período pertenciam ao clero diocesano. A maioria deles era constituída por religiosos. Não nos esqueçamos do fato de que no período da vinda deles ao Brasil justamente as potências ocupantes estavam exterminando as ordens religiosas em terras polonesas. Após 1863 foram liquidadas as ordens religiosas na zona de ocupação russa, e após 1875, na zona de ocupação prussiana. Assim, pois, no primeiro período vinham ao Brasil não tanto padres diocesanos como secularizados.
Como um dos primeiros religiosos poloneses que chegou a esse país deve ser considerado o padre Alberto Męciński, um missionário jesuíta. Ele veio ao Brasil casualmente em 1631. Mais tarde o pe. Męciński, com a idade de 42 anos, morreu como mártir no Japão.
Entre os imigrantes poloneses que após a queda do Levante de Janeiro vieram ao Brasil, encontramos também religiosos católicos. E assim, em 1965 veio o pe. Carlos Mikoszewski, e em 1869 o pe. José Juszkiewicz.
Como foi assinalado acima, a vinda do clero polonês a esse país relaciona-se, sobretudo, com o início da imigração polonesa ao Brasil. Os padres, religiosos e religiosas vinham da Polônia para se dedicar ao trabalho pastoral entre os imigrantes poloneses, mas não apenas a isso. Como um dos primeiros padres que vieram da Polônia ao Brasil e prestaram assistência aos imigrantes é considerado o pe. Antônio Zieliński, participante do Levante de Janeiro.
Em 1875 vieram ao Brasil outros padres poloneses: Mariano Giżynski, Ludovico Przytarski, Francisco Soja, Ladislau Grabowski, João Nepomuceno Adamowski, e posteriormente João Kominek, Boleslau Bayer, João Rzymełko, José Anusz. O pe. João Pitoń CM, que por muitos anos foi reitor da Missão Católica Polonesa no Brasil, elaborou uma relação dos padres diocesanos que vieram a esse país nos anos 1865-1914. Desse trabalho resulta que: em 1865 veio o pe. Carlos Mokoszewski, em 1867 o pe. Antônio Zieliński, em 1869 o pe. Mariano Giżynski e o pe. José Juskiewicz, em 1875 o pe. Ludovico José Przytarski, em 1878 o pe. Ladislau Grabowski e o pe. Francisco Gurowski (seu nome aparece de diversas formas: Guranowski, Górowski, Guroński), em 1883 o pe. João Adamowski, em 1885 o pe. Alberto Solek (alguns fornecem o seu sobrenome como Sulek), em 1887 o pe. Francisco José Soja, em 1889 os padres Paulino Domainski, André Dziadkowiec e João Peters, em 1890 o pe. Casimiro Andrzejewski, em 1891 os padres Francisco Chyliński, Sigismundo Chelmicki, Martim Modrzejewski (alguns autores escrevem Możejewski) e Ladislau Smoluch, em 1895 os padres Antônio Cuber, Aleixo Iwanow, Miguel Słupek e Tiago Wróbel, em 1896 os padre Vicente Bronikowski, Estanislau Fróg, José Fuliński, Gabriel Kraus, Alberto Młynarczyk, Leão Niebieszczański, Matias Piech e Antônio Rymar, em 1897 o pe. Alberto Dynia, em 1898 os padres João Miętus e João Rokosz, em 1899 os padres Cesário Wyszyński e João Wołyncewicz, em 1901 o pe. Tadeu Stankiewicz, em 1903 o pe. José Anusz, em 1905 os padres Adolfo Kruszewski e João Marek, em 1908 os padres Leonardo Starzyński e Estêvão Stawianowski, em 1914 o pe. Vicente Hypnarowski. Dentre os padres verbistas, o primeiro a chegar foi o pe. Carlos Dworaczek (1900). Por sua vez dentre os padres vicentinos – os padres Boleslau Bayer, Hugo Dylla e Francisco Chylaszek (1903).
Neste ponto parece ser digno de registro o apelo dos imigrantes que pediam um sacerdote polonês. A revista Przegląd Emigracyjny, editada em Lvov, publicou uma carta enviada no dia 15 de março de 1893 de São Mateus do Sul (PR) por Antônio Z. Bodziak. Apresentamos a seguir o conteúdo dessa correspondência: “Em nome dos colonos da colônia S. Mateus e das colônias próximas, que contam mais de 10.000 almas, solicito a Vossa Excelência, como uma pessoa que se preocupa com o destino dos emigrantes, que se digne nos informar ou mesmo providenciar um padre que queira vir para verdadeiramente se dedicar aos seus patrícios. Em razão da política brasileira, e parece até que a política moscovita e alemã têm nisso a sua participação, as autoridades eclesiásticas brasileiras apresentam diversas dificuldades, não querendo que padres poloneses se fixem nas colônias polonesas, oferecem-lhes outros postos, e parece que nem querem ter padres poloneses. Já estava para se estabelecer um dos padres recém-chegados; mas essa esperança está desaparecendo, em razão de ele não ter autorização das autoridades ou não querer estabelecer-se nesse lugar, esperando que os colonos primeiramente depositassem certa importância com o objetivo de sustentá-lo, e uma importância bastante significativa, pelo que os colonos não podiam decidir-se, porque querem pagar a um padre permanente, e não a um que chega apenas para uma semana ou duas e depois vai embora, como já aconteceu. A renda anual, ou seja, o salário permanente apenas em S. Mateus, além das colônias próximas, é de 2.500 mil-réis, ao que se somam os lucros da igreja, o que no total pode chegar a 8.000 mil-réis. A alimentação é excelente, e além disso existe uma casa paroquial com um grande jardim. Para não ter dificuldades futuras, o padre que queira vir providencie junto à sua autoridade eclesiástica apenas a ordem de estabelecer-se em S. Mateus e, se não for possível de outra forma, que venha como missionário. Nesse caso as autoridades locais não poderão opor qualquer resistência. Se o padre não tiver recursos próprios para viajar, os colonos imediatamente enviarão a Vossa Excelência a importância exigida. Acrescento que aqui é necessário um padre com vocação, um bom patriota, e então será possível fazer muita coisa com o nosso povo. Mas, se um padre aqui não aparecer e não se estabelecer, não se pode mais contar com os poloneses de S. Mateus; em pouco tempo eles se tornarão selvagens nesta liberdade brasileira e assumirão, como já começam a assumir, o espírito brasileiro, e seus filhos em breve renunciarão à sua identidade polonesa. É uma grande obrigação de todo polonês empenhar-se para que não se percam de uma vez por todas tantas forças polonesas”.
Numa outra carta, do dia 20 de junho de 1893, Antônio Z. Bodziak escrevia: “Tanto em nome dos colonos como em meu próprio, peço que Vossa Excelência providencie o envio de um padre, visto que um bom padre é um verdadeiro fundamento e uma muralha para o nosso povo aldeão. Em S. Mateus os colonos ainda se mantêm unidos, porque somos pelo menos três comerciantes poloneses que ainda lhes damos alguma forma de apoio. Mas as outras colônias sofrem muito, porque estão abandonadas à própria sorte, sem qualquer presença intelectual, tanto leiga como religiosa”.
Diante da situação apresentada por um dos imigrantes, a revista Przegląd Emigracyjny – no número citado pelo autor – transcreveu da Gazeta polska w Brazylii um trecho de um artigo intitulado “A nossa posição”, publicado no dia 22 de julho de 1893. Vale a pena citar alguns trechos do mencionado artigo: “Em terra brasileira estabeleceram-se alguns milhares de poloneses, que sem exceção pertencem à Igreja católica, e no entanto recebem dela no Brasil um tratamento de madrasta. A população polonesa, profundamente católica, acostumada à Igreja e aos seus ritos, hoje está privada do que exteriormente atrai o homem a Deus, privada dos meios da graça que conduzem à salvação, permanecendo exposta ao perigo de perder a fé, e com isso também a sua identidade nacional. Bem sabemos que o polonês, ao se privar da fé, priva-se também da sua nacionalidade, e são muitos os casos desse tipo que aqui ocorrem. Os poucos sacerdotes poloneses que se encontram aqui para a assistência espiritual não serão suficientes para todo o país. (...) Atualmente a defesa da nossa população está apenas nos sacerdotes poloneses e no ritual eclesiástico, porque as escolas polonesas, que existem em pequeno número, não são suficientes”.
A primeira congregação religiosa que iniciou a sua atividade em território brasileiro, no ocaso do século XIX e no início do século XX, foi a Congregação do Verbo Divino (verbistas). Os verbistas vieram ao Brasil em 1895. Iniciaram o seu trabalho no Estado do Espírito Santo. Vieram ao Paraná a pedido do bispo de Curitiba, José de Camargo Barros. O seu primeiro posto foi a paróquia de S. José dos Pinhais, que na época tinha 100 km de extensão (chegava até a divisa de Santa Catarina) e 50 km de largura. Essa foi a primeira paróquia no Brasil onde os verbistas se defrontaram com os poloneses. Em novembro de 1900 veio a essa paróquia o pe. Carlos Dworaczek, falecido com fama de santidade.
Quase na mesma época vieram os missionários de S. Vicente de Paulo (conhecidos no ambiente polônico do Brasil como vicentinos). A convite do bispo José de Camargo Barros e atendendo a um pedido dos imigrantes poloneses, no dia 19 de maio de 1903 partiu de Cracóvia o primeiro grupo missionário (pe. Boleslau Bayer, pe. Hugo Dylla, pe. Francisco Chylaszek e ir. Alexandre Węgrzyn). No dia 29 de junho de 1903 desembarcaram no porto de Paranaguá. No dia seguinte vieram a Curitiba.
É preciso ainda enfatizar uma realidade pouco conhecida. Eis que no início da colonização polonesa no Brasil os padres poloneses eram decididamente poucos! O pe. W. Sojka assinala claramente: “Muito pouco para o número dos próprios emigrantes, muito pouco para as áreas em que se dispersaram. Jamais contaremos aí mais de 20 padres poloneses ao mesmo tempo. Em muitas “colônias”, os primeiros padres só vinham depois de 10 ou 15 anos, em outras, após a partida de um era preciso esperar anos até que aparecesse um outro”.
Vale a pena registrar aqui o seguinte fato. Eis que o primeiro bispo da diocese de Curitiba, José de Camargo Barros, num comovente carta ao bispo de Przemyśl pedia por Deus que fossem enviados ao menos dez padres, visto que “apenas um sacerdote polonês pode assegurar a adequada assistência ao emigrante polonês”.
Com o passar do tempo começaram a chegar ao Brasil também outras congregações masculinas, às quais, já após a Segunda Guerra Mundial, juntaram-se os membros da Sociedade de Cristo para os Poloneses Emigrados (chamados popularmente de padres da Sociedade de Cristo). Atualmente encontramos no Brasil representantes das seguintes famílias religiosas, vindas da Polônia: salesianos (desde 1896), missionários da Sagrada Família (desde 1935), palotinos (desde 1930), marianos (desde 1967), capuchinhos (o primeiro capuchinho polonês veio em 1901), franciscanos (desde 1894. Inicialmente os representantes dessa ordem vieram ao Brasil com o objetivo de prestar assistência espiritual aos imigrantes alemães. Dentre eles, muitos eles eram provenientes da Silésia), franciscanos de Niepokalanów (desde 1977). Encontramos no Brasil representantes das seguintes ordens e congregações da Polônia (bem como religiosos já nascidos nesse país): dominicanos, filipinos, jesuítas, combonianos, missionários do Espírito Santo, orionistas, dominicanos, salvatorianos, passionistas, paulinos, redentoristas, saletinos, religiosos de Schensttat, religiosos da Sociedade de S. Paulo e ressurrecionistas.
Por sua vez, das congregações femininas, as primeiras a virem ao Brasil foram as irmãs de caridade de S. Vicente de Paulo (1904), e a seguir as irmãs da Sagrada Família (1906). Em época posterior vieram as servas do Espírito Santo e as bernardinas missionárias. Após a Segunda Guerra Mundial vieram: as elisabetanas, as felicianas, as franciscanas missionárias de Maria, as josefitas, as missionárias do Puríssimo Coração, as salesianas, as servas da Grande Polônia, as ursulinas do Coração de Jesus Agonizante. A mais jovem congregação feminina que trabalha em meio à comunidade polônica brasileira são as missionárias de Cristo Rei, que se encontram nesse país desde 1988.
Convém assinalar que os padres vindos da Polônia cumpriam não apenas tarefas decorrentes da sua vocação religiosa, mas também apoiavam os imigrantes com diversos conselhos, traziam o consolo espiritual, bem como contribuíam para que surgissem – além de prédios sacros – também as primeiras escolas e bibliotecas. Em caso de necessidade, o religioso polonês proporcionava aos nossos colonos a ajuda médica, econômica ou legal. Segundo Maria Paradowska, “o amplo leque de atividade, sobretudo pastoral, mas também cultural, em muitas outras áreas, tinha um enorme significado para os colonos poloneses e para toda a sociedade do país em que residiam”. É um fato inegável que o clero polonês cumpriu um papel bastante significativo na preservação do polonismo entre os nossos imigrantes no Brasil. O papel do padre polonês não se restringia, portanto, apenas a tarefas puramente pastorais. Essa realidade ocorre também hoje na atividade dos religiosos e das irmãs polonesas entre os brasileiros de descendência polonesa, especialmente entre os que se fixaram no interior do país.
Deve-se frisar mais uma vez que os primeiros padres poloneses que vinham ao Brasil empreendiam o trabalho pastoral entre os colonos poloneses. Ruy Christovam Wachowicz – conhecido e apreciado historiador paranaense e polônico – observa: “A paróquia e o padre polonês eram indispensáveis para o colono [polonês]. A igreja era o centro espiritual, mas também o núcleo onde o colono satisfazia as suas necessidades de comunicação com o próximo. No Brasil essas necessidades assinalavam-se mais ainda em razão do isolamento em que tinham de viver. A igreja, a paróquia e o padre serão por muito tempo, em muitas colônias do Brasil, o único fundamento da unidade entre os colonos”.
O mesmo acontecia com as congregações femininas. Inicialmente as irmãs religiosas vinham ao Brasil para trabalhar entre os imigrantes poloneses. Somente com o decorrer do tempo começaram a afluir missionários e missionárias poloneses para exercer a atividade pastoral caritativa (e também de outra natureza, mas sempre relacionada com o serviço evangélico) entre os brasileiros. No que diz respeito à atividade do clero polonês no Brasil, como afirmamos acima, inicialmente era desenvolvida entre os imigrantes poloneses. O clero polonês não desenvolvia apenas uma atividade puramente religiosa, mas também consolidava entre os emigrados o sentimento de identidade nacional e a memória das suas raízes. Atualmente essa atividade continua sendo atual, embora em grande medida seja realizada em prol dos descendentes dos imigrantes poloneses que já nasceram no Brasil. Talvez seja oportuno recordar que a afluência da imigração polonesa ao Brasil praticamente cessou após a Segunda Guerra Mundial. A diversificada atividade pastoral dos padres poloneses, diocesanos e religiosos, bem como das irmãs pertencentes a diversas congregações, contribui para a elevação dos descendentes dos nossos emigrados, bem como da sociedade local, a um nível espiritual, moral, cultural e civilizante mais elevado.
Atualmente a maioria dos missionários poloneses (padres diocesanos, religiosos e irmãs que representam diversas congregações) desenvolve atividade religiosa entre os brasileiros. No entanto, no que diz respeito à pastoral específica, como é justamente a pastoral polônica, ela é desenvolvida na dimensão seguinte. Nas cidades grandes, onde residem poloneses nascidos na Polônia ou seus descendentes que se sentem profundamente ligados com a cultura e a língua polonesa, existem paróquias pessoais ou capelanias polonesas. As paróquias pessoais polonesas foram erigidas há muitos anos e existem até o dia de hoje em: Curitiba (Paróquia de S. Estanislau – verbistas), Rio de Janeiro (Paróquia de Nossa Senhora de Monte Claro – padres da Sociedade de Cristo). Além das paróquias pessoais mencionadas, existem capelanias polonesas em: São Paulo (desde o início dirigida pelos salesianos, e desde dezembro de 1966 pelos padres da Sociedade de Cristo) e Porto Alegre (atualmente sem um sapelão permanente [ano de 2013]). Além disso, em sua igreja paroquial de S. Vicente, os vicentinos celebravam por muitos anos todos os domingos uma missa em polonês. Também em Curitiba, uma vez por mês os padres da Sociedade de Cristo celebravam uma vez por mês uma missa na igreja paroquial de S. José, no bairro Capão Raso. Nas regiões onde vivem descendentes dos imigrantes poloneses, existem paróquias territoriais. Nessas comunidades a pastoral polônica depende em grande parte das necessidades dos próprios brasileiros de descendência polonesa, bem como da criatividade e do engajamento do próprio religioso polonês. É preciso assinalar ainda que em muitas paróquias são dadas aulas de língua polonesa, existem programas radiofônicos de caráter polônico, bem com conjuntos de folclore polonês.
Vale a pena citar neste ponto uma observação do Primaz da Polônia, card. José Glemp, que visitou os núcleos polônicos no Brasil e na Argentina em 1984: “De um modo geral pode-se constatar que em ambos os países visitados a pastoral polônica apresenta uma tendência de enfraquecimento. (...) Trata-se de um fenômeno compreensível, se levarmos em conta que foi interrompida a afluência de novos imigrantes, e as gerações da imigração antiga vão se integrando de maneira natural. Convém lembrar, no entanto, que a língua não é o critério definitivo de consciência nacional. No Brasil podem ser encontrados “núcleos poloneses” onde toda a liturgia se realiza na língua do país, e no entanto trata-se de uma pastoral polonesa. O que define isso são os costumes poloneses, o “sentimento” de tradição que caracteriza os colonos, e sobretudo o culto de Nossa Senhora de Częstochowa. Um outro elemento que contribui para o enfraquecimento da pastoral polonesa é a falta de sacerdotes inspiradores. Todo sacerdote polônico, com a exceção de alguns, deve ao mesmo tempo trabalhar em prol da pastoral do país. O trabalho é muito. É preciso visitar muitos núcleos. Existem muitas paróquias que têm até quarenta capelas para serem atendidas. (...). A integração das coletividades religiosas tem a vantagem de introduzir o bem de cada nação no bem comum do país. A negligência da educação católica das crianças e dos jovens à maneira polonesa significa a aprovação da mediocridade, o rebaixamento do nível da espiritualidade. No contexto brasilo-argentino não se pode negar que a catequese polonesa e o programa pastoral polonês, que resulta da base de uma cultura milenar, asseguram que pode ser atingida uma maior maturidade cristã. E isso constitui uma contribuição positiva em prol da Igreja universal (...). O sentido da pastoral polônica não consiste em preservar a todo o custo a língua e os costumes poloneses, mas em desenvolver da forma mais plena possível a graça da fé, com base na cultura religiosa polonesa, e dessa forma dar testemunho da vida da Igreja – de uma forma digna de ser imitada e aceita”.
Segundo dados obtidos da Comissão Missionária do Episcopado Polonês, em março de 2001 trabalhavam nas estruturas pastorais da Igreja no Brasil 312 missionários poloneses (4 bispos, 64 padres diocesanos, 184 padres religiosos, 5 irmãos religiosos, 53 irmãs religiosas e 2 pessoas leigas).
Atualmente, entre os 419 bispos brasileiros encontramos 8 de descendência polonesa: Walmor Battú Wichrowski – residente em Porto Alegre (RS), Domingos Wisniewski – ordinário da diocese de Apucarana (PR), Ladislau Biernaski – bispo auxiliar de Curitiba (PR), Isidoro Kosinski – ordinário da diocese de Três Lagoas (MS) e os bispos nascidos na Polônia e nomeados pelo papa João Paulo II (em 1989): Ceslau Stanula – ordinário da diocese de Itabuna (BA) e Agostinho Estêvão Janiszewicz – ordinário da diocese de Luziânia (GO); (em 1998) o bispo João Wilk – ordinário da diocese de Formosa (GO); (em 2000), o bispo Eduardo Zielski – ordinário da diocese de Campo Maior (PI).
Por sua vez, segundo os dados estatísticos da Igreja no Brasil, em 2000 havia entre o clero brasileiro 309 padres com sobrenomes poloneses. Não incluímos nesse número os padres com sobrenomes poloneses que adotaram a cidadania local e aparecem como brasileiros. Da mesma forma não incluímos nesse número os religiosos com sobrenomes poloneses, mas que são cidadãos de países como Inglaterra, Áustria, Canadá, Alemanha, Estados Unidos.
Conf. Zdzislaw MALCZEWSKI SChr, Solicitude não apenas com os patrícios, Curitiba 2001.